A formação do Cânon Bíblico (o
processo de escolha dos livros que atualmente fazem parte da Bíblia) como
conhecemos hoje, terminou por volta de 367 D.C. Durante esse processo os
critérios usados para escolher os textos que formam a nossa Bíblia, foram principalmente
os de que esses textos deveriam estar de acordo entre si em concepções
teológicas, deveriam dar informações que fossem relevantes para o conhecimento
da salvação e professarem a fé em Deus como Criador e Senhor de tudo o que
existe.
Acontece que depois desse período o
único teólogo que mexeu consideravelmente na composição dos livros da Bíblia
foi Martin Luther, o pai da reforma protestante. E mesmo assim as modificações
foram poucas. Lutero excluiu do Cânon somente os livros de Tobias, Judite,
Primeiro e Segundo Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc. Que faziam parte
do Antigo Testamento.
A discussão que eu quero levantar
aqui não deve ser tomada como reivindicação para a formação de um novo Cânon
Bíblico. Eu quero apenas acender uma discussão sobre a possibilidade da
formação hipotética de uma nova Bíblia baseada nas obras de nossos dois
ilustres apóstolos do Século XX: Clive Staples Lewis (C. S. Lewis) e
John Ronald Reuel Tolkien (J. R. R. Tolkien).
Se observarmos as histórias dos dois
livros podemos observar que eles seriam basicamente uma versão do século XX do
Antigo e Novo Testamento.
O “Senhor dos Anéis” mostra a jornada
de um grupo chamado “A Sociedade do Anel” para a “Montanha da Perdição”, a fim de
destruir o anel que tem o poder de corromper as pessoas.
Eu não sei se Tolkien teve a intenção
de formar uma espécie de alegoria com o Antigo Testamento (provavelmente não),
mas essa jornada se assemelha a jornada do povo de Israel até a terra prometida,
onde haveria o descanso prometido por Deus ao seu povo. Nessa jornada até mesmo
Gandalf parece assumir o papel de Moisés, guiando e instruindo o grupo,
mostrando o caminho por onde deveriam passar. Frodo parece assumir nessa
história o papel de Josué, que apesar de não ser considerado o personagem mais
forte da história, consegue cumprir a missão com a ajuda de seu amigo Sam
(Calebe). Esse seria no nosso Antigo Testamento.
As “Crônicas de Nárnia” contam várias
histórias que acontecem em um mundo desde a sua criação até o seu apocalipse.
Nessas crônicas C. S. Lewis retrata o
Leão Aslam como o intermediário da criação do mundo lembrando muito o texto de
João 1 (o verbo). Em vários momentos das crônicas Aslam repete falas quase que
copiadas do Novo Testamento. Ele chega a dar sua vida em sacrifício pelo erro
de um garoto que pelos nossos conceitos não merecia isto, depois de ser
sacrificado, acreditem, ele ressuscitou. E ai tem mais. Assim como a cortina no
templo se rasgou quando Cristo ressuscitou, a pedra em que Aslam foi
sacrificado se quebrou ao meio.
Inclusive no último filme das
Crônicas de Nárnia lançado nos cinemas (O Peregrino da Alvorada), Aslam fala
que ele é conhecido por outro nome no nosso mundo. Deixe-me adivinhar. Jesus
Cristo?
É, essa de Narnia, é de conhecimento de todos já que a crônica é evangelho puro, mas não saquei porque isto faria parte da biblia... O_o
ResponderExcluirSerá que um dia, nós vamos ver a Palavra de Deus ter todo esse conhecimento por parte das pessoas?
ResponderExcluirTem gente que sabe essas história de trás pra frente, mas nem sabe do que fala uma Bíblia...
Djesniel. Essa seria uma "hipotética" Bíblia formada por livros do século XX. Claro que o que eu falo aqui é só uma discussão de brincadeira né. Isso seria só para imaginar por exemplo que esses dois livros são bem paralelos como a Bíblia.
ResponderExcluirBom, sobre Crônicas de Nárnia eu entendo - leio desde os 10 anos e já li todos mais ou menos umas 20 vezes - e creio que a questão não é "substituir a Bíblia", pois concordo com o André. De nada adianta uma pessoa saber de cor e salteado as Crônicas de Nárnia e O Senhor dos Anéis e não ler nada da Bíblia.
ResponderExcluirE é aí que eu vejo o segredo mágico da coisa: muitas pessoas não-cristãs lêem esses livros sem mesmo perceber que Aslam representa Jesus, sem mesmo perceber que estão adquirindo um conhecimento bíblico. E essas pessoas provavelmente nunca leram nem lerão a Bíblia.
Pelo menos não lerão se continuarem sozinhas. Esses livros são ótimos para serem feito um estudo em cima, quem sabe evangelizar usando essas histórias!
Basta ter força de vontade e amor pelos perdidos.
Hahaha. Pronto! Ta ai uma discussão interessante sobre o assunto. Valeu Hannah.
ResponderExcluirRealmente as relações são fortes, mas como Lutero exclui alguns livros, por mais relevantes que eles fossem, acredito que As crônicas e Senhor dos Anéis, foram criados com o intuito de passar a ideia base do evangelho ao publico juvenil. Todos sabemos que seu alcance passou disso. Nosso querido C.S.Lewis sabia, como ninguém, como passar a mensagem do evangelho e o caráter de um cristão através de sua literatura. Isso pode ser visto tanto nas Crônicas como em "O grande abismo" "Perelandra" e "Malacandra - De volta ao planeta sombrio". Acredito que, mais do que um canon, estes livros sejam a voz de Deus entre os que nao leriam uma biblia com religião. Lembremos: Espírito Santo sopra onde quer.
ResponderExcluirApesar de admitir que Lewis tinha uma mente brilhante, só podemos admitir a ação do Espírito na leitura de Crônicas de Nárnia (por exemplo), mediante o embasamento bíblico. Crônicas de Nárnia não é "escritura inspirada" nem tampouco pode ter a mesma "autoridade canônica". Desta forma podemos apenas admitir que (por melhor que seja a obra), só é válida enquanto remete e alude às Escrituras. Eu e a Manoela (colega do andré strobel na faculdade) tivemos a oportunidade de trabalhar a obra de C.S.Lewis com adolescentes, mas sempre explicando as relações Narnia - Escritura. O resultado foi muito bom!
ResponderExcluirCreio que, com uma boa (grande) dose de Bíblia, a obra de Lewis ganha sentido e pode ajudar a entender o Evangelho. Comparo as Crônicas de Narnia com as parábolas usadas por Jesus, no sentido de auxiliar no aprendizado.
Tenho muita vontade de seguir na direção de Lewis e Tolkien, e sou um entusiasta desse tipo de literatura cristã. Estou desenvolvendo alguns projetos, que com a ajuda de Deus irão auxiliar no ensino das Escrituras, por onde eu passar!